🇧🇷 Dom Pedro I & Jair Bolsonaro: Dois Líderes, Uma Nação e o Peso do Patriotismo Incompreendido

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Ao longo da história brasileira, poucos personagens despertaram tanta paixão, controvérsia e devoção quanto Dom Pedro I e Jair Bolsonaro. Separados por dois séculos, esses homens — um imperador, o outro presidente — compartilham mais do que o amor pelo Brasil. Compartilham o legado de serem incompreendidos, de exercerem poder em tempos turbulentos e de tentarem moldar a nação à sua própria imagem.

Mas o que acontece quando o fervor patriótico colide com a realidade política? Vamos explorar os paralelos históricos entre essas duas figuras marcantes.

👑 Dom Pedro I: O Rebelde Romântico

Nascido em Portugal, Dom Pedro I tornou-se o herói improvável da independência brasileira. Em 1822, desafiou seu pai, o rei D. João VI, e proclamou a soberania do Brasil com o icônico grito: “Independência ou Morte!” Seu reinado foi marcado por paixão, impulsividade e uma conexão emocional profunda com o país.

Apesar de seu papel fundador, Dom Pedro foi frequentemente criticado:

• Por tendências absolutistas e conflitos com liberais.
• Por escândalos pessoais, incluindo inúmeros casos amorosos e filhos ilegítimos.
• Por abandonar o Brasil em 1831 para lutar pelo trono português em nome de sua filha.

Era um homem de contradições — romântico e autoritário, visionário e volátil. Seu coração, literalmente preservado em formol, tornou-se símbolo de seu amor eterno pelo Brasil. E em 2022, esse coração retornou ao solo brasileiro para o bicentenário da independência, recebido por ninguém menos que Jair Bolsonaro.

🇧🇷 Jair Bolsonaro: O Patriota Polarizador

Avançando para o século XXI, Bolsonaro surgiu como líder populista que, como Dom Pedro, dizia lutar pela soberania e identidade do Brasil. Seus slogans — “Deus, Pátria, Família” — ecoavam o ethos imperial. Seus discursos invocavam a grandeza histórica, e a recepção do coração de Dom Pedro foi um gesto teatral de continuidade simbólica.

Mas Bolsonaro também foi incompreendido:

• Críticos o viam como autoritário, citando seus embates com o Judiciário e a imprensa.
• Seus apoiadores o enxergavam como defensor dos valores tradicionais e do orgulho nacional.
• Seu governo foi marcado por polarização intensa, desafios econômicos e escrutínio internacional.

Como Dom Pedro, Bolsonaro inspirou lealdade fervorosa e oposição feroz. Foi acusado de minar instituições, mas também elogiado por enfrentar elites arraigadas. E, como o imperador, parecia muitas vezes dividido entre convicção pessoal e consequência política.

🧠 A Psicologia da Liderança Incompreendida

Ambos atuaram sob enorme pressão, movidos pela crença de que só eles poderiam conduzir o Brasil à grandeza. Psicólogos chamam isso de “narcisismo heroico” — uma mentalidade em que o líder se vê como salvador, muitas vezes à custa da colaboração ou do diálogo.

Esse traço pode ser magnético, criando mitologias e atraindo multidões. Mas também gera incompreensão. Quando ações são guiadas pela emoção em vez da estratégia, críticos enxergam imprudência, não coragem.

🔄 Ecos da História

O coração de Dom Pedro I, trazido de Portugal em avião militar e recebido com salva de canhões, foi mais que uma relíquia — foi metáfora. O gesto de Bolsonaro ao recebê-lo foi uma declaração: Eu também amo o Brasil com todo o meu ser.

Mas, como observou a historiadora Lilia Schwarcz, o gesto também foi teatral, talvez até manipulador. Bolsonaro tentava canalizar o legado de Dom Pedro — ou reescrevê-lo à sua maneira?

De qualquer forma, o paralelo é claro: ambos buscaram encarnar a alma do Brasil. E ambos foram, à sua maneira, incompreendidos.

🕊️ Reflexão Final

O Brasil sempre foi terra de paradoxos — moderno e nostálgico, democrático e propenso a líderes fortes. Dom Pedro e Bolsonaro são capítulos dessa história. Lembram-nos de que o patriotismo, quando fundido ao poder, pode inspirar grandeza — ou acender divisões.

Mas talvez a verdadeira medida do amor deles pelo Brasil não esteja nas vitórias ou derrotas, e sim na disposição de arriscar tudo por uma nação em que acreditavam.

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