A fala de Lula sobre traficantes como “vítimas” gera constrangimento diplomático na Indonésia, país que aplica pena de morte para tráfico de drogas.

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Jacarta, Indonésia — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva protagonizou um dos momentos mais controversos de sua visita oficial à Indonésia, ao afirmar em coletiva de imprensa que “traficantes são vítimas dos usuários também”. A declaração, feita em Jacarta, reacendeu tensões políticas internas no Brasil e provocou um mal-estar diplomático com o governo indonésio, conhecido por sua política de tolerância zero contra o tráfico de drogas, que inclui a pena de morte para infratores.

A fala, que rapidamente viralizou nas redes sociais com mais de 15 milhões de menções, foi duramente criticada por parlamentares da oposição brasileira. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) acusaram Lula de inverter os papéis entre criminosos e vítimas. “Os traficantes são vítimas dos usuários, os assaltantes são vítimas dos assaltados, os assassinos são vítimas dos mortos… Presidente Lula, vítima é o povo brasileiro”, disparou Nogueira.

Mas o impacto da declaração ultrapassou fronteiras. Na Indonésia, país que mantém uma rígida legislação antidrogas e já executou estrangeiros por tráfico, a fala de Lula foi recebida com perplexidade. Embora não tenha havido uma resposta oficial imediata por parte do governo indonésio, diplomatas brasileiros relataram desconforto nos bastidores. A imprensa local repercutiu o comentário com tom crítico, destacando o contraste entre a visão brasileira e a política indonésia, que considera o tráfico de drogas um dos crimes mais graves contra a sociedade.

Fontes próximas ao Itamaraty indicam que assessores do presidente foram acionados às pressas para conter os danos e esclarecer que Lula não pretendia relativizar o crime de tráfico, mas sim chamar atenção para a complexidade da cadeia de consumo de drogas. Em uma tentativa de retratação, o presidente declarou posteriormente que sua frase foi “mal colocada” e reafirmou seu compromisso com o combate ao crime organizado.

O episódio levanta dúvidas sobre a habilidade diplomática do presidente em momentos delicados e reacende o debate sobre segurança pública, tema estratégico para as eleições de 2026. Além disso, coloca em xeque a harmonia entre os países do BRICS, especialmente quando valores culturais e jurídicos entram em colisão.

Enquanto Lula tenta apagar o incêndio político, a oposição aproveita o momento para reforçar sua narrativa de que o governo estaria falhando na condução da segurança nacional. E na Indonésia, a visita que deveria estreitar laços comerciais e políticos acabou marcada por um tropeço diplomático que dificilmente será esquecido.

Fontes:

1. Fala de Lula sobre traficantes vítimas vira munição para a oposição
2. ‘Traficantes são vítimas’: de debate na madrugada a mea-culpa para conter danos, os bastidores das idas e vindas de Lula
3. Oposição reage à fala de Lula sobre traficantes: ‘Vítima é o povo’