Aderir ou Não para aderir
A ambivalência do Brasil em relação à BRI
eyesonbrasil
Amsterdam, 14 de novembro de 2024– Há duas semanas, o assessor presidencial para assuntos internacionais do Brasil, Celso Amorim, anunciou que o Brasil não aderirá à Iniciativa Chines do Cinturão e Rota.
Essa decisão foi uma surpresa para muitos, pois as expectativas vinham crescendo de que o Brasil assinaria durante a próxima visita do presidente Xi Jinping à América Latina.
Atualmente. 22 países da América Latina e do Caribe já aderiram à BRI e, com quase metade dos investimentos da China na região fluindo para o Brasil, sua participação na BRI foi vista como um destaque potencial para a visita de Xi.
A recusa do Brasil parece resultar de divergências internas. Algumas autoridades temiam que a adesão à BRI pudesse prejudicar as relações com os Estados Unidos, especialmente dada a possibilidade de outro governo Trump.
Outros argumentaram que a participação na BRI poderia servir como um contrapeso valioso às políticas protecionistas dos EUA e da União Europeia.
No entanto, essa decisão não sinaliza necessariamente uma desaceleração nas relações Brasil-China. Amorim expressou otimismo em elevar sua parceria a um “novo nível” sem a necessidade de um novo tratado.
Dado que a adesão à BRI pode ter um significado mais simbólico do que prático, espera-se que a cooperação do Brasil com a China – mesmo no domínio da infraestrutura – continue normalmente.
Essencialmente, o Brasil não precisa da BRI para falar de negócios com a China, seu peso econômico por si só manterá a conversa em andamento.
Pequim ainda não emitiu uma resposta oficial à decisão do Brasil, e pouca atenção foi dada ao tema na mídia chinesa. No entanto, um artigo no The Global Times, um jornal estatal, expressou uma clara insatisfação com o que vê como interferência dos EUA na decisão do Brasil.
O artigo critica Washington D.C. por pressionar o Brasil a evitar ingressar na BRI, sugerindo que os EUA veem a América Latina através de uma lente ultrapassada da Guerra Fria e não devem ditar as escolhas de política externa do Brasil.