Fim das disputas entre Airbus, Boeing, Bombardier e Embraer

Por: Maycol Vargas Fonte: CNN

Amsterdã, 16 de junho de 2021 – Devido a pedido de países que querem se proteger da concorrência chinesa, disputas entre a Airbus, Boeing, Bombardier e Embraer, empresas do setor de aviação, chegam ao final.

Duas disputas na Organização Mundial do Comércio (OMC) chegam ao fim. Os países envolvidos na disputa entre as fabricantes de aeronaves parecem agora unidos por conta de uma ameaça comercial chinesa. A disputa ocorria devido a subsídios fornecidos pelos governos.

Brasil vs. Canadá

O governo brasileiro questionava, desde 2017 quando iniciou a disputa no órgão, os subsídios concedidos pelo governo canadense a empresa aeronáutica Bombardier e, em fevereiro de 2020, comunicou a Organização Mundial do Comercio a decisão de encerrar o confronto jurídico contra o Canadá.

Na ocasião da disputa com o Canadá, o Brasil questionou os subsídios de mais de R$ 3 bilhões repassados à Bombardier para a produção de aeronaves C-Series.

Estados Unidos vs. União Europeia

No dia 15 de junho de 2021 foi a vez do governo dos Estados Unidos resolver sua longa disputa comercial com a União Europeia, envolvendo subsídios as empresas: Airbus e Boeing.

A disputa dos Estados Unidos se assemelha a brasileira, começando em 2004 e também envolvendo subsídios, mas neste caso de países europeus a Airbus. Seu início se deu quando autoridades da União Europeia disseram que a Boeing havia recebido injustamente US$ 19 bilhões em subsídios dos governos federal e estadual.

Entendendo as decisões

De forma simplificada, o que levou esses países a encerrarem suas disputas é a tentativa de se proteger da “ameaça” chinesa.

A Commercial Aircraft Corporation of China (COMAC) é uma empresa estatal chinesa, que emergiu depois dos problemas que a Boeing teve com seus aviões 737 MAX. A empresa oriental já possui mais de 815 pedidos provisórios, sendo a maior parte desses pedidos de empresas da própria China. A COMAC irá competir de maneira direta com os aviões Airbus320neo e o Boeing 737 MAX.

É esperado que a COMAC comece a ganhar mais espaço no mercado e passe a ser competição direta a outras gigantes da aviação mundial. É importante lembrar que estamos falando de uma empresa com mercado focado dentro da própria China.

Em um podcast chamado Abertura de Mercado, o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, explica que, quando as empresas entram no mesmo segmento, o espaço para lucro se dá somente por conta dos subsídios.

Gustavo Cruz disse: “Agora, com esse acordo garantindo que nenhuma das regiões vai oferecer subsídios, o mercado tende a oferecer um equilíbrio melhor”

Oportunidade para Embraer

O desenrolar dos acontecimentos pode acabar sendo vantajoso para a Embraer. A fabricante de aeronaves brasileira possui a maior parte de seus negócios no mercado norte americano, especificamente nos Estados Unidos. A empresa está em uma retomada econômica melhor que o esperado, podendo considerar sua posição atual como confortável no setor de aviação.

Subsídios

A manufatura de aeronaves é um processo extremamente custoso para o fabricante. As empresas necessitam investir muito tempo, dinheiro e mão de obra em pesquisa e desenvolvimento.

Além da fabricação da aeronave, as empresas também têm como objetivo o desenvolvimento de melhoria para seus produtos, buscando aeronaves cada vez mais eficientes e consequentemente, diminuindo seu consumo de combustível, o que é benéfico para o caixa da empresa assim como para o meio ambiente.

Os subsídios governamentais destinados às empresas são feitos pensando geração de empregos e em tornar o mercado mais atrativo para investidores do setor da aviação e, dessa forma, tornar o país mais próspero.

O Histórico turbulento do 737 MAX

Depois dos acidentes aéreos que resultaram em 346 mortes na Etiópia e Indonésia em março de 2019, os 737 MAX foram obrigados a ficarem no solo. Os acontecimentos geraram ações judiciais, investigações do Congresso e Departamento de Justiça e também cortou uma fonte de renda importante da Boeing.

Após 18 meses de investigação, o Congresso dos Estados Unidos concluiu em um relatório:

Eles (os acidentes) foram o terrível resultado de uma série de suposições técnicas incorretas dos engenheiros da Boeing, uma falta de transparência por parte da administração da Boeing e uma supervisão grosseiramente insuficiente da FAA”

Durante à crise, a Boeing decidiu em abril de 2020 rescindir o acordo de compra de parte da Embraer.

C-Series

O Airbus A220 é uma família de aviões de passageiros narrow-body projetados pela Bombardier Aerospace como Bombardier CSeries. A variante menor tem capacidade para 108 a 133 passageiros e entrou em serviço em 15 de julho de 2016 com a Swiss Global Air Lines.

Em julho de 2018, a aeronave foi renomeada como A220, depois que a Airbus adquiriu 50,01% do programa, por meio de uma joint venture, que mais tarde foi renomeada como Airbus Canada Limited Partnership.

Maycol M. Vargas é Eng. Aeronáutico com Doutorado em Engenharia e Tecnologia Espaciais e correspondente da eyesonbrasil.