IA vs. Jornalismo: Quem Está Levando Vantagem?

Opinião
Anton JieSamFoek
A ascensão da inteligência artificial (IA) representa um terremoto silencioso no mundo da mídia. Textos são gerados mais rápido e mais barato do que nunca. Imagens surgem sob comando. Vozes aparecem do nada. A tecnologia é impressionante — e perigosa em sua autoconfiança.
A IA soa como se soubesse do que está falando. Usa linguagem com autoridade e certeza. Mas quem verifica os fatos descobre rapidamente: a IA frequentemente está errada. E isso importa. Pois num mundo onde a autoridade está sendo substituída por algoritmos, a dúvida torna-se uma virtude rara.
Para escritores, o impacto é direto. Por que contratar um jornalista experiente se a IA pode gerar um texto “bom o suficiente” em segundos? Os preços caem. A demanda muda. E a voz única do autor se perde em meio a conteúdos sintéticos e polidos.
O mesmo acontece com criadores visuais e sonoros. Fotografias sem fotógrafos. Ilustrações sem ilustradores. Música sem compositor. O artista desaparece, substituído por produções sem alma. Até vozes — outrora pessoais e reconhecíveis — são clonadas por máquinas frias.
Mas quem se beneficia com isso?
A resposta é clara. As Big Techs — com seus grandes modelos, nuvens de dados e monopólios — lucram enormemente. Empresas de mídia veem a chance de cortar custos. Para elas, a IA não é ameaça, mas aliada eficiente.
Os perdedores? Aqueles cujo talento e criatividade moldaram suas carreiras: escritores, artistas, músicos, designers. E, no fim das contas, nós. Porque o que se perde não é apenas um trabalho, mas nuance, humanidade e confiança.
A mídia, em todas as suas formas, é mais que informação. É espelho da sociedade. Espaço para reflexão, crítica, emoção. Se substituirmos esse espelho por ilusões confiantes, perderemos mais do que imaginamos.
É hora de defender o ofício. Promover transparência. Exigir regulação. E acima de tudo:valorizar o rosto humano por trás da informação.
Quem ouve apenas o que soa convincente, raramente escuta o que é verdadeiro.