Real, moeda mais desvalorizada em 2024

Tempos difíceis pela frente parao Banco Central do Brasil
eyesonbrasil
Amsterdã, 30 de dezembro de 2024–As expectativas do dólar americano no mercado brasileiro superam as previsões, chegando a R$ 6,30 em dezembro (de 4,85 em janeiro de 2024), tornando o real uma das maiores moedas dos países emergentes, sendo a mais desvalorizada em 2024, apesar de o Banco Central estar injetando cerca de 17 bilhões de dólares no mercado na esperança de conter a queda.
Por fim, o dólar comercial fechou em R$ 6,12, mas a pesquisa do Banco Central Focus dá um quadro surpreendente do que o dólar espera no futuro próximo.
O fato é que o real brasileiro perdeu 21% de seu valor em doze meses, em comparação com 16% para o peso mexicano, 16% para a libra turca, 15% para o rublo russo e 10% para o won sul-coreano, mais 8% para o dólar canadense e 7% para o dólar australiano. A libra esterlina conseguiu manter sua taxa de câmbio em relação ao dólar americano em dezembro.
A retórica e o que o presidente eleito Donald Trump pode efetivamente implementar, incluindo suas políticas tarifárias anunciadas, levaram os mercados financeiros globais à beira do colapso, mas no caso do Brasil, a situação pode ser atribuída a um orçamento crescente e déficit primário, apesar do fato de que o presidente Lula da Silva e seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acreditam que é positivo, já que a economia brasileira supera as previsões de crescimento e o desemprego é o menor em doze anos. No entanto, a inflação continua a subir, assim como as dívidas e os pagamentos de juros do país.
Lula da Silva, de volta de uma operação principal, rejeitou as expectativas do mercado: “Ninguém neste país ou nos mercados tem maior responsabilidade fiscal do que eu; Entreguei as finanças deste país em situação privilegiada, e tenciono fazer o mesmo, e não é o mercado que deve preocupar-se com a despesa pública. Porque se eu não controlar os gastos, e se eu gastar mais do que tenho, quem vai pagar, são os pobres. A única coisa que isso está errado neste país é a política de taxas de juros que está acima de 12%”.
De fato, o comitê de política monetária do Banco Central do Brasil, Copom, decidiu este mês em sua última reunião em 2024 aumentar as taxas de juros para 12,25%, esperando um novo aumento no início de 2025 para combater a inflação e a volatilidade monetária. Uma decisão unânime, incluindo a de Gabriel Galipolo, escolha de Lula para liderar o Banco Central em 2025, que se juntou ao conselho de administração ortodoxo (odiado por Lula), criticou abertamente o ministro Haddad que cuidou do orçamento.

Em outras palavras, há mais problemas pela frente, financeira e politicamente. A estimativa de inflação do banco central para 2024 e 25 era de 3%, mas terminou em 4,50 em 24% e rumou para 4,84%. Quanto à taxa básica da Selic para 2024, estima-se que terminar em 12,25% atingirá o pico de 14,75% no ano seguinte e terminará em 14% em 2025, enquanto o crescimento estimado da economia brasileira é de 2,02%, um aumento de 2,01%.
Outra questão preocupante é o chamado pacote fiscal anunciado por Lula e Haddad e aprovado pelo Congresso antes do recesso de verão, para tentar conter gastos e/ou aumentar as receitas.
Ele planeja reduzir os gastos em R$ 330 bilhões, cerca de US$ 55 bilhões, mas é bastante confuso, inclui uma reforma do sistema de imposto de renda e vários setores da economia brasileira que desfrutam de benefícios fiscais especiais se opõem a tais restrições.
Com uma coalizão difícil e mutável, é difícil ver como o governo Lula conseguirá implementar o plano quinquenal gradual de redução de custos. Poucos no Brasil duvidam do talento político, carisma e influência de Lula da Silva, apesar de seu ferimento na cabeça e operações, mas o mesmo não pode ser dito de seu ministro da Fazenda, por isso teme-se que o investimento estrangeiro desacelere, a inflação persista, assim como a dívida pública suba para cerca de 81% do PIB, com um orçamento próximo a 10% do PIB, mesmo quando muitos documentos de dívida são mantidos no mesmo país.

Haddad argumentou que recebeu projetos de lei do governo com muita “maquiagem contábil” e que “superar a resistência do Congresso, apesar de Lula, não será fácil, mas vamos acompanhar os gastos”.
Por outro lado, os analistas têm interpretações diferentes: “O Congresso não é o problema, o problema são os fundos dos partidos para a próxima eleição e a alteração de alguma legislação orçamentária, além de alguns benefícios e despesas excepcionais do judiciário”, aponta o analista político da Dharma, Creomar de Souza.
“Como durante o primeiro governo Lula, ele deveria ter aplicado as medidas fiscais desde o início, não dois anos depois, “as coisas estão muito mais complicadas agora e não sei se ele terá o grande impulso de expansão econômica a tempo para 2026”
Para Claudia Moreno, do C6 Bank, as coisas se tornaram muito mais difíceis porque “o custo do aperto fiscal pode ser tarde demais agora, após a recuperação do dólar americano”. Isso torna a tarefa do Banco Central mais exigente e terá que aplicar taxas de juros mais altas.”
Além disso, “terá impacto no custo da dívida pública e o pacote fiscal será mais apertado de implementar a cada dia, com taxas de juros mais altas”.
eyesonbrasil