Taxas de juros 2022 no Brasil controladas
para conter a inflação
AF
Amsterdam, 18 de junho de 2021 —
O ex-ministro da Fazenda do Brasil, Maílson da Nóbrega (6 de janeiro de 1988 – 18 de março de 1990) no governo José Sarney, destacou que o país precisa manter as taxas de juros em patamar elevado pelo menos até que a Selic alcance 6,5% ao ano.
Nóbrega afirmou que a nova alta de 0,75 ponto porcentual da Selic anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira, 16, era necessária para evitar que o avanço da inflação deste ano contaminasse o cenário econômico de 2022.
O novo reajuste do governo Jair Bolsonaro – o terceiro consecutivo – elevou a taxa básica de juros para 4,25% ao ano e deve prosseguir até atingir 6,5%, patamar que representa a normalização plena da Selic, disse Nóbrega.
A mudança do cenário inflacionário obriga o Banco Central a fazer isso, caso contrário a taxa estará contaminada até 2022”, afirmou Nóbrega, citado pela Jovem Pan.
Ele acredita que o patamar de 6,5% – o mesmo mantido entre março de 2018 e junho de 2019 – deixa a autoridade monetária em posição confortável para não alterar a taxa de juros até o final de 2022. “Uma vantagem é não ter que elevar a Selic sobre a no próximo ano e mantê-la neste nível até 2023. ”
A projeção do ex-ministro segue o consenso do mercado financeiro, que estima,
De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 14, foi consenso manter a Selic em 6,25% ao ano em 2021.
No entanto, o novo patamar da taxa de juros mostra alta de 0,83% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para um acumulado de 8,06%, bem acima da meta do Banco Central de 5,25% para este ano.
“A esperança de que a alta da inflação fosse temporária passou”, diz Nóbrega. O ex-ministro estima que o IPCA encerre o ano em 5,8%, valor próximo ao projetado pelo mercado. Para 2022, o BC deve almejar 3,5% – com variação de 1,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
As projeções do Boletim Focus, porém, já mostram que analistas e entidades financeiras estimam que o IPCA cresça 3,78% em 2022. “O Banco Central não pode correr o risco de ignorar esse novo ambiente [de inflação]”, afirma.
A alta do IPCA de maio foi impulsionada pela alta dos preços da energia elétrica – que devem ficar ainda mais caros com a recente crise hídrica, bem como dos combustíveis e alimentos.
Segundo o ex-ministro da Fazenda, o novo boom das commodities deve continuar sustentando o avanço inflacionário, porém, os valores ainda não estão sendo repassados integralmente aos consumidores. “O IPA [Índice de Preços no Atacado] atingiu mais de 40% e apenas parte disso foi repassado. A reativação das atividades econômicas e a recuperação da renda criam espaço para que esse repasse seja maior e aumente os preços finais. ”
A taxa básica de juros é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, uma vez que suas alterações impactam o “preço do dinheiro. Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira.
Quando a inflação está alta, o BC aumenta as taxas de juros para reduzir o consumo e forçar a queda dos preços. Quando a inflação está baixa, o BC reduz as taxas de juros para estimular o consumo. A Selic influencia todas as taxas de juros do país, como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Quando o BC altera para baixo a meta da Selic, a rentabilidade dos títulos a ele atrelados cai e, com isso, o custo dos bancos também diminui. Assim, uma redução da Selic, por exemplo, também deve fazer cair os juros cobrados pelas instituições financeiras sobre os empréstimos. Quando a Selic sobe, os bancos começam a cobrar mais pelos empréstimos.
A sigla vem do Sistema Especial de Liquidação e Custódia, que é a referência do BC para as operações diárias de emissão, venda e compra de títulos públicos. Essa, por sua vez, é uma das maneiras pelas quais o governo arrecada dinheiro para financiar suas despesas.
A taxa Selic é decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias e é influenciada por questões como inflação, risco de recessão e perspectivas de crescimento econômico. Quanto menor a Selic, menores as taxas de juros.
O presidente do banco central do Brasil, Roberto Campos Neto, é geralmente visto como um falcão que está atrás da curva nas políticas monetárias.
O R $ caiu para R $ 5,87 com o dólar na baixa recente, o que ajudou a alimentar a inflação no momento em que os preços das commodities dispararam.
Se Campos Neto tivesse iniciado o ciclo de aperto mais cedo, a inflação dos últimos 12 meses não teria subido para 7%.
Agora, ele terá que aumentar as taxas básicas de juros para um nível muito mais alto para trazer a inflação de volta à meta de 3,5% para 2022. As chances de atingir a meta de 2022 são remotas.
O consenso atual prevê que a taxa básica de juros atinja 6,5% até o final do ciclo.
Taxas de juros internas mais altas adicionaram pressão adicional sobre o déficit fiscal.
Com as incertezas em torno da eleição presidencial do próximo ano, podemos esperar maior volatilidade nos mercados nos próximos meses.
AF.